Páginas

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Eu também

Outro dia alguns amigos estavam revoltados com o vídeo abaixo. Mostra filhas do Edir Macedo rindo de uma desgraça:




Não me ofendi com o que elas fizeram. Primeiro porque também gosto de humor negro, sarcasmo e detesto o politicamente correto.

E eu também estou o tempo todo vendendo a imagem de uma pessoa que não sou.
E eu também condeno o tempo todo os outros por atos que faço com frequencia.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A infelicidade é o mal do século XXI

Renato Russo cantou que o mal do século é a solidão, agora eu digo que o mal do século XXI é a infelicidade. Estou impressionando com a quantidade de amigos que estão somatizando problemas emocionais como ansiedade e estresse com dores de cabeça que não passam, taquicardia, falta de ar, refluxos estomacais entre outras mazelas. Muitos estão fazendo terapia como tentativa de amenizar a insatisfação com a própria vida.

Penso muito a respeito, em determinado momento também frequentei a sala de um terapeuta tentando resolver alguns problemas da vida que de uma hora para outra começou a parecer mais complexa do que costumava ser.

Identifiquei duas principais causas da infelicidade nos meus amigos. A primeira tem a ver com a visão da sociedade para o que é uma pessoa de sucesso. Se você não é alto executivo de uma multinacional e troca de carro todo ano, você não é ninguém.

Não vou me alongar neste tópico, Roberto Shinyashiki, em entrevista para a Isto É, explica magistralmente como isso é fonte de sofrimento para as pessoas. É um texto que releio com freqüencia, veja um trecho abaixo:

Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. (leia e entrevista completa)

A segunda causa está relacionada com a moral cristã que tanto nos fode. Cada dia que passa odeio mais o cristianismo e suas várias denominações, que transformou o sexo e demais prazeres da vida em pecado, que diz que devemos ter medo de deus. Quem, em sã consciência, quer viver com medo e travar uma batalha diária contra os instintos, levando uma vida carregada de culpa? Religião é uma merda, deveria libertar as pessoas, e não torná-las escravas.

É comum me falarem que Jesus morreu por mim. Por que tenho que me sentir culpado por uma morte que aconteceu há dois mil anos e de uma pessoa que nem conheci? Se Jesus tivesse falado comigo, eu diria: - amigo, pára com essa história de que você é filho de deus. Se quiser ajuda para fazer uma revolução contra os romanos, eu ajudo, mas essa historinha de que você é filho dele é muito difícil de engolir. Vamos ali beber uma cerveja gelada.

Como disse Ricardo Coimbra, se Jesus tivesse morrido num sofá o mundo seria mais leve.


Também vejo muitos casais levando uma vida infeliz porque estão presos nessa falácia de que não se pode ter prazeres com alguém que não o cônjuge, que quando se ama não pode ter tesão por outra pessoa, que casamento requer a desistência da individualidade entre outras baboseiras. Homem e mulher levando uma vida em conjunto sem conversar, sem transar, apenas por convenção de origem cristã.

Some-se a isso a ilusão de que só é possível ser feliz com um par romântico, que somos seres incompletos e que precisamos de alguém para nos preencher e temos um prato cheio para a infelicidade.

Fico imaginando como seria o mundo caso o imperador romano Constantino não tivesse se convertido ao cristianismo, uma sociedade na qual nossos prazeres não precisassem ser reprimidos, sem culpa e medo. Levaríamos a vida de outra forma, mais feliz e leve.

Existem ainda muitas outras causas pela insatisfação com a vida. Podemos citar também o culto ao corpo perfeito, inatingível para a maioria da população.

Realmente estou assustado com a quantidade de pessoas insatisfeitas com a própria vida.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Reconciliações improváveis

Certa vez estava esperando um amigo no play do prédio e fiquei observando algumas crianças que brincavam. As brigas eram constantes, acontecia de uma pegar o brinquedo da outra, desentendimento, saía um tapa, choro, mas em poucos segundos as duas tinham feito as pazes e brincavam novamente.

As crianças um pouco maiores também se estranhavam e voltavam a brincar, a única diferença era o tempo gasto para esquecerem suas desavenças, demorava um pouco mais.

Lembrei de amigos mais velhos que por motivos diversos deixaram de se falar, e o que observei naquele play se aplica ao mundo dos adultos. Quanto mais velhos ficamos, mais tempo levamos para superar as brigas. Em alguns casos, pessoas que conviveram durante anos nunca mais se reconciliam, porque a vida não reservará tempo suficiente para que as mágoas partam.

Semana passada um querido fez aniversário e foi muito difícil para ele convidar todos os seus amigos. Pensou em fazer três diferentes comemorações para conseguir que fulano não se encontrasse com ciclano e vice-versa. Acabou convidando todos numa lista não oculta de e-mail, os incomodados que não aparecessem.

Fiquei muito triste em ser o protagonista de uma dessas desavenças. Caso determinada figura estivesse presente eu não iria. Sabendo disso, para evitar uma situação constrangedora, meu desafeto preferiu não ir. No dia anterior, arrependido de ter feito tal condição, pedi para minha digníssima avisar que não me incomodaria, não queria ser o responsável por evitar o encontro entre dois grandes amigos, ainda mais na festa de aniversário de um deles, mas ela achou melhor deixar como estava. Talvez tenha sido melhor assim, certamente ficaria um clima desagradável e não conseguiria me divertir tanto quanto me diverti.

Sinceramente gostaria de poder superar esses problemas e levar uma vida de forma diferente, ainda mais no meu caso, cujo antagonista é uma pessoa que de alguma forma eu gosto e sei que não se trata de nenhum sacana ou filho da puta, muito pelo contrário. Talvez eu esteja errado, posso estar tecendo elogios para alguém que me sacaneou de uma forma que eu ainda não tenha tomado conhecimento, mas, apesar de não achar que seja o caso, prefiro evitar sentimentos ruins ignorando a verdade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Doutor, é grave?

Estou gostando muito desta música da Pitty. Doutor, é grave?




Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os riscos da monogamia


Durante muito tempo, e ainda hoje, líderes religiosos e demais conservadores comparavam os bordéis ao sistema de esgotos da cidade: nojentos, mas importantes para a manutenção da vida na sociedade. Eram com as prostitutas que os homens descarregavam a pressão represada no casamento, sendo assim possível a manutenção do status quo.

Relações extraconjugais sempre existiram, e acho uma insanidade termos que conviver com isso com culpa, como se fosse um desvio de caráter que deve ser combatido, um defeito. Isso só traz sofrimento. Felizmente, novos modelos de relacionamento são cada vez mais comuns e eu sou prova disso.

Em entrevista publicada no site da Folha de São Paulo, o psicanalista britânico Adam Phillips fala sobre os perigos da monogamia. Destaquei abaixo duas perguntas:

O senhor diz que uma sociedade sem a possibilidade de infidelidade seria perigosa...

Seria uma mentira. Colocaria pressão demais nos casais, obrigando um a ser tudo para o outro. É uma demanda moral irrealista. Outro perigo é a monogamia acabar com o desejo e virar uma prisão.

Acha a sociedade hipócrita em relação à monogamia?

Sim, se ela afirmar que é a única forma boa de relação para todos e o tempo todo. Mas hoje também há muita gente dizendo que toda relação monogâmica é hipócrita, o que não é verdade. Para alguns, é um desejo genuíno, uma experiência real.

Leia a entrevista aqui.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sobre amor e tesão

É possível amar muito uma pessoa e sentir desejo por ela. Ou não sentir desejo nenhum. Também podemos sentir muito tesão e não amar a pessoa.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Cama na Varanda e tendências

Minha digníssima sogra leu A Cama na Varanda, que deixei estrategimante largado na casa com a esperança de despertar o interesse em alguém. Ela gostou muito, disse que como autoajuda era ótimo. Na hora não entendi o comentário, que achei até ofensivo, já que detesto este tipo de literatura. Mas depois percebi que ela tinha razão.

Os textos da Regina foram importantes para acabar com a dissonância cognitiva na qual me encontrava. Toda mudança de valores é difícil, sempre buscamos informações que reforcem a decisão tomada, mas sofremos bastante até atingirmos a traqüilidade e a certeza de que fizemos a melhor escolha. Como já contei, minha digníssima e eu abrimos nossa relação e demorei até aceitar completamente, por mais que achasse resolução adequada. Por isso A Cama na Varanda me ajudou, apresentando idéias de vinham de acordo com essa nova situação da minha vida.

Os escritos da Regina apresentam sua experiência em muitos anos como terapeuta de casais. Suas afirmações possuem poucas bases científicas, citando uma ou outra pesquisa, em sua maioria estrangeira. Ela é bem pragmática, fazendo recomendações de acordo com os casos que atende em seu consultório. Isso não tira o mérito de sua análise, apesar do método científico ainda ser o mais confiável, até porque o universo analisado faz parte do nosso dia-a-dia, temos contato direto com o objeto da pesquisa através do convívio com nossos cônjuges e amigos.

A edição atualizada do livro traz um adendo sobre as tendências de relacionamento, como as pessoas lidarão com o amor e sexo num futuro não muito distante. Esta análise é feita através, principalmente, da observação de alguns grupos com comportamento díspare da média e reportagens veiculadas na mídia, nacional e estrangeira. A matéria abaixo, que passou hoje no Bom Dia Brasil, é um exemplo do material utilizado por ela em sua pesquisa.

Não vou fazer muitos comentários sobre a reportagem, mas é apenas mais um indício de como nos comportaremos com nossos amores e amantes.

Para comprar o livro A Cama na Varanda, visite minha lojinha no Facebook. Tá em promoção.




Atualização: nesta sonora, Regina Navarro fala sobre as alterações que o casamento sofreu nas últimas décadas.